Mês: outubro 2012

Contos de Terror – Assassino da pomba


 

Estava sentado em um banco da praça. Nunca me sentia bem, o local representava uma maquiagem da miséria e fome. Logo, tirei da mochila um saquinho de biscoito de leite. Automaticamente uns bichos atrevidos e pestilentos se aproximaram… Eram pombas, aliás, odeio este animal. Ele é muito esquisito e conformado com o seu estado natural. Não sei porque este ser, ainda vive.

Minutos depois um homem sentou no banco que eu estava. O seu rosto mostrava o símbolo daquela praça, uma junção de social com tormento – Socialtormento. O mesmo deve ser conhecido pela sociedade como mendigo. Ele olhava o jeito que eu alimentava as pombas. Seu estilo era bem típico: Um senhor velho e desgastado pelo tempo, tendo em médias uns cinquenta anos, barbado, roupas sujas e rasgadas, sua alma, havia contaminado -se, pelo seu escarnecido cheiro.

Depois começou a me encarar, até que, teve coragem de se pronunciar.

— Você poderia – me dar uma bolacha?

Enfaticamente devolvo a resposta.

— Não!

Sua cara mudou, o ar da indignação sobrevoou por ali.

— Como assim?

Repeti minha sonora resposta.

— Não vou dar nada.

O mendigo mostra toda a sua revolta, pondo – se a gritar em seguida.

— Quer dizer, que a vida deste bicho vale mais que a minha?

Alegrando-me, alimentei-me, do que ele queria ouvir,

— Para mim, a vida deste animal, vale mais que a sua.

Ele da dois passos para trás, dizendo…

— Teu vagabundo, eu tenho mais validade que este animal, sou um ser humano.

Então, fechei meus punhos, elevei minha voz para sobrepor a dele.

— Legal! Interessante o seu raciocínio consegue se valorizar como pessoa, mas para meu ser, aquela pomba tem mais importância do que o senhor. Ponha – se fora daqui…

Assim que terminei, ele saiu esbravejando.

Voltei a sentar-me, refletindo por vários minutos e, no fundo daquele episódio, o mendigo tinha razão…Como posso – me valorizar, vivendo de uma forma animalesca, tem dias que não tenho destino e nem objetividade.

Independente disto, o homem pobre, teve um azar enorme. Odeio com ardor de minha alma, a existência dos fracassados.

Comecei a contemplar o sabor de ter asas, parecia ser algo mágico, poderia voar pelas estradas dos seres ignorantes, seria interessante. O inevitável aconteceu em seguida. Aquele maltrapilho, um excomungado do sistema, atacou a pomba.

Imediatamente eu gritei…

— Seu insano, o que esta fazendo?

Ele não me ouvia, sua cegueira virou um estorvo para sua consciência.

Pouco a pouco, ele pegou a pomba, sua mão cascuda, apertava o pescoço frágil daquele bichinho, com a outra, puxou com tanta violência as patas, que em seguida, as arrancou, eu via, segundo por segundo a vida fugindo do animal. Ele entortou o pescoço até o mesmo sair do tronco. Não tive coragem de impedi-lo, fiquei ali, parado.

Após terminar, jogou com muito furor no chão um corpo sem vida, se aproximou, começando a segunda parte, pisoteou, estraçalhando toda aquela pomba. Quando ele pareceu terminar, olhou para mim, tinha sangue por todo lado, inclusive nele. Dizendo o seguinte…

— Agora a minha vida, tem mais sentido do que este animal. Eu quero as bolachas!

Nem relutei, entreguei o pacote inteiro. O mendigo agradeceu, passou sua mão ensanguentada no seu rosto. Indo embora…Por instantes, dei créditos de um fracassado para o homem assassino de pombas. Talvez, tivesse feito com pressa uma avaliação, vai ver, eu era o fracassado. No caminhar do mendigo, eu seguia com olhares, todos seus passos, teve um momento que perdi – o de vista, sua sombra virou uma escuridão.

No final, eu admirei – o, como nunca fiz a ninguém.

 

 

 

 

Somente os francos caminham por aqui! Mudanças…

 

Quando oceano entrou na sala, viu um local cheio de mesas, com várias cadeiras. Tinha também um homem, alto, realmente alto. Ele sorria, ao mesmo tempo que seus olhares encontraram um ponto em comum. Ouviu-se um canção nascendo daquela elevação humana. Uma música soava de sua boca, era para Oceano!

Ela ficou perplexa, olhando e admirando aquele gesto.

As palavras diziam sobre uma estrela não perder seu rumo, em biografar sua história de vida, no peito da humanidade. Ao final, aquela musicalidade toda era para brindar a entrada da mulher.

Comovida, lançou-se ao chão, queria conter suas lágrimas. Não podia, uma dor inundava sua alma. Até as letras do seu nome, encharcou – se de tanta melancolia. Sua luta era em viver! Foi então, que o homem estendeu sua mão.

— Por favor! Saia deste lugar…

Ela aceita o gesto.

— Você deve ser o Garçom.

— Sim, eu sou.

Naquele instante tudo estava claro para a mulher, sua vida poderia mudar. A felicidade estava próxima, ela sentia.

Resolveu expor sua jornada.

— Eu sofri… Houve-se uma quebrada na sua fala.

— Oceano! Pare agora. Não precisa recorrer a sua memória. Eu sei de todo os seus passos.

Ela apenas agradece.

— Obrigada!

Expressando uma face de amigo, com um sorriso na lateral.

— Quero que responda uma única pergunta. Poderia fazer isso?

Começava a passar um monte de coisas ma cabeça, o que seria que o Garçom desejaria? Imagens sendo montadas como um quebra cabeça, até os vasos que ela um dia quebrou, foi reconstruindo aos poucos.

— Sim, o que quiser.

Ele foi rápido na questão.

— Quem é o culpado da sua infelicidade?

Uma flecha foi lançada pelo garçom. Algo que nem Oceano esperava. Quem seria culpado pelas infelicidades de sua trajetória. Tudo que vinha em sua mente trairia o bem. Lembrou-se de tantas situações. Todas suas perfeições sendo derrotadas, sua invencibilidade perdida, de todas as estações e velas sopradas, ela carregou-se de frustações. Ao final, não entendia sua foto sem maquiagem, o brilho da chama de Deus, nela havia sido apagado quando ela perdeu seu bebê. Resolveu parar de impressionar seu momento presente, abriu sua boca, soltando para fora tudo que sentia.

— Chega!

Iniciou gritando.

— Fui morta várias vezes, por todos que apareceram em minha vida, lutei contra o crime da humanidade, pensei em amar, mas fui traída. Ele me despejou em um lugar fétido e louco, por acreditar, que não tinha mais conserto mental.

O garçom senta, para apreciar mais ainda os minutos que se passavam por ela.

— Nunca tive tempo para entender as lacunas do meu ser, meu sangue ia jorrando pela terra pisada pelos que me maltratavam, nenhuns deles me viam, ninguém.

Sua agonia e choro aumentavam a cada palavra dita.

— Eu sou uma idiota! Sou uma imbecil, por escolher, e ser escolhida pela vida fracassada. Eu esperava mais de mim e, dos outros… Ansiei tanto das pessoas, lutava para ecoar do coração alheio, belas palavras. Sabe, Garçom, o que encontrei? Não deixando ele responder. — Ao contrário, eu encontrei o silêncio! Que calava minha boca, esquecendo a singela paz.

O Garçom resolve aproveitar o vocábulo do tempo dado por Oceano, para induzir algo no ar.

— Você afirma, que sua felicidade depende de outros? Quer dizer, que sua infelicidade foi dada pelo que caminharam contigo?

Oceano já demonstrava um pouco mais de controle.

— Garçom! Cheguei até aqui, sozinha! Lutei nos últimos anos, sozinha! Fui abandonada pelo amor, sobrando o vazio dos beijos, fiquei, sozinha! Gritei, sozinha! Chorei, sozinha! Se brincar, amei, sozinha! Eu sou isto, me criaram assim, sou uma cria da humanidade, nasci e cresci em um lugar tão miserável, parecendo um criatório de seres vivos, nunca pedi dor, e no final, massacraram minha identidade mulher, minha biografia de mãe.

— Tem muita mágoa Oceano!

Controlando o ar que ofegava seu peito.

— Garçom! Magoada não, revoltada. Portanto, como percebeu, preciso de sua ajuda.

Ele se levanta, vai até o balcão, pega uma garrafa, abre, põe um pouco no copo, olha para ela.

— Querida Oceano, aqui tem o Liquido da Sinceridade, ou, como conhecem, Líquido Simplicitate.

— Para que serve?

— Beba e saberá…

Ela vai até o balcão pega o copo, levando o copo a sua boca. O garçom segura sua mão.

— Após beber, irás retornar de onde veio.

Oceano volta com o copo.

— Como assim? Então é só isso?

Pegando um pano e passando no balcão.

— Para ti, o que tem é só isso. Nada mais… Beba e vá refletir tudo que disse, tudo que sente, volte para o seu caminho. O líquido demora fazer efeito.

— Espere! Não pode ser um simples copo, não desbravei esta cidade, para acabar desta forma.

Fechando o seu semblante, Garçom bate no balcão.

— Cale-se… Não aguento mais esta sua naturalidade em acusar o mundo, destronar pessoas que erraram com o seu ser. Teu coração não bate mais a esperança, tua vida, foge da regra da humildade, quer ajuda, mostre-me que mereça, chegou até aqui, para não reconhecer que erraste. Quando cair, não delete o seu tirano, petrificando a ação dele, nunca saíra do chão, precisa entender, que a vida e os seres humanos, não nasceram para lhe fazer feliz. Todos querem encontrar a felicidade, por tal, erram sempre.

Ela se assusta. Em seguida bebe o Liquido.

— Oceano! Me ouça, tu podes transbordar o universo com sua bondade, teus sonhos podem ajudar muitas pessoas, para de calejar suas virtudes, colha mais amizade, não agrida mais o tempo. Desejo sua felicidade plena.

Colocando o copo no balcão, Oceano, pergunta mais uma coisa.

— O que devo fazer?

Voltando a ficar feliz,

— Já que bebeu, volte de onde veio, ao fazer o efeito, entenderás tudo que ocorreu na sua vida. Siga até a porta.

Ela caminha…

— Garçom! Acabou?

— Não! Ele olha diretamente para o coração da Oceano. — Logo, nós encontraremos novamente, e quando ocorrer, voltarás a estar contente.

Oceano seguiu até a porta, abriu, pensou, — Eu desejo ser feliz.

Fim

Quer saber mais:

https://regozijodoamor.wordpress.com/2012/10/23/somente-os-francos-caminham-por-aqui-a-dor/

Parábolas do Anjo sem Asas

Uma vez antes de virar um anjo. Eu fui passar uma temporada no inferno…

Não me lembro muito. As recordações são breves… Tenho algumas imagens e alguns conselhos de mim para mim mesmo.

Antes deste evento, meu ser ignorava totalmente o amor. Sim, eu era o vilão deste sentimento. Rasgava – o de dentro para fora, nunca entrelacei meus lábios pelo amor e para o mesmo fim. Mas aquela estação no abismo das trevas me traria uma lição incrível.

Um dos dias, caminhando e aprendendo com lições vivas, acabei – me sentando. Notei alguns olhares aos meus, pareciam perdidos, buscando o mapa do destino na minha alma. Ignorei! Só que foi incisivo. Queria preencher-me de alguma forma. Deixei se aproximar, quando tal criatura estava em minha frente, mostrou uma exaustão anormal. Alegou que sua busca era tenebrosa, superou montanhas cortantes, venenos galopantes e, palavras rodopiantes. Tudo para estar ali, comigo! Foi então, que peguei o amor no colo, senti o quanto era amável, carinhoso e sua pele intocável Foi único e incondicional. No final daquele encontro, acabei amando o amor, mesmo ele indo embora em seguida.

Depois do acontecido, rasgava minha mente de choros agonizantes. Porque não amei antes… A inocência perdida era a estupidez vivida!

 

Eu sou o Anjo sem Asas… Um ser de sonhos distantes e terras ficantes.

 

 

Poesia – Ceifador

Sofrimentos…

Meu corpo sempre foi uma conflagração,

Da angústia a fustigação

Pronto para sangrar meu coração.

O murmúrio do erro,

Persiste em me levar…

Onde não posso caminhar

Para o mórbido aterro.

As folhas são secas,

O meu jardim perdeu a vida!

E o verde se tornou cinza.

Meu desejo é morrer,

Pois a lágrima petrificou.

Atingindo o ego, expulsando meu ser…

Aguardo o fim da onda frenética,

Plantei um terreno de utopia!

Buscando o cessar-fogo do amor.

Acabou-se minha linguagem poética,

Os cânticos perderam a sinfonia…

Eu vi no espelho o ceifador.

Carlos Monteiro

Tua Imagem IV

No outro lado da cidade, encontramos nosso ex. – destemido homem. Ele tinha voltado para reencontrar seu amor, indo ao encontro da moça. O que conseguiu apenas? A rejeição de Ana. Por mais que tentasse sua cabeça não conseguia arranjar uma solução. O único pensamento que corroía a mente dele é que o belo sempre triunfa o monstruoso. Aquela mulher era linda! E suas palavras tinham cheiro, como essências do campo silvestre. Só que ela o tinha rejeitado. Além do que, dificilmente iria aparecer no encontro que ele propôs.

Mas ele sabia que não podia desistir assim tão fácil. Deverias mostrar o que tinha acontecido com ele durante todo esse tempo. Infelizmente estava sem energias para acreditar que tudo poderia dar certo. Começou até a questionar se tinha feito correto, sumir daquele jeito. Conforme ele caminhava, percebeu que as pessoas olhavam para ele, como se o mesmo fosse algum estranho fora do ninho. Olhares vazios de vida, olhares rancorosos, olhares que doem a alma de qualquer um. Imagens e símbolos surgiam na cabeça de nosso viajante. Foi quando de longe, avistou a mesma árvore do dia. Sentou e, encostou sua cabeça no tronco. Relaxou, olhando para os lados, não via sua sombra, como fez pela manhã. Fechou os olhos…

— Acorde! Acorde! Acorde!

— Choras por quê? Eu sei. Por que vive nesta cidade de dementes!

Neste momento, Juan levanta a cabeça, não vê ninguém ao não ser ele mesmo.

— Você não pode – me ver senhor. Eu sou sua sombra, e agora sou a voz na sua cabeça, estou enfrentando sua consciência… É tão hilário estar aqui. Seus pensamentos, tão presos ao que é certo ou errado. Acorde! Acorde! Acorde…

Nosso amigo, para um pouco, suspira profundamente, ele sabia que o que estava acontecendo com ele, era um sinal de fraqueza. Ele já tinha superado as ideias sociais, ainda mais aquelas que dizem: Isso é certo, Isso é errado. Só que o encontro com sua dama, o tinha deixado assim, desesperado e sem chances de raciocinar.

— Nossa! O que falar deste sentimento?! Ele vive dentro de mim, me dilacera todos os dias, a cada dia que fiquei sem ela, perdi um pouco de mim.

A voz continuava na cabeça de Juan.

— O que você queria sua besta! Que depois de tanto tempo, as feridas fossem cicatrizadas, você a deixou com um tumor benigno. Ao mesmo tempo em que a amou se transformou no seu carrasco, levando o pobre coração da mocinha em uma bandeja, para ser servida aos porcos… Ao término desta fala, cai em gargalhada!

Irritado, Juan, pede para parar de rir.

— Eu não fiz nada disso. Não sou uma pessoa que faria isso. Você sabe muito bem porque eu fui embora.

— Eu sei! Tenha calma. Apenas saliento a verdade.

Ele levantou-se um pouco, olha para cima, percebe que esta uma noite tão linda. Fecha seus olhos, sente que sua amada, pensas nele, só que com dor e agonia.

— Eu ouço o seu choro. Um doce amargo corrói minha alma neste instante.

A voz questiona se podes dizer algo. O homem senta novamente e, afirma que ela tem total direito de se expressar.

— O amor é como uma lágrima, surge o sentimento e quando menos se espera, explode na nossa face, caindo pausadamente, escorregando por nosso rosto machucado pelo tempo, e ao cair no chão se encontrará em um solo visivelmente ferido pelo mundo. O amor é um choque, que ao não tomar cuidado, cega o coração, ainda mais, que não somos educados para amar, apreendemos com o outro a fórmula do amor. Veja bem, este sentimento, é uma estrada escura, que ninguém sabe onde vai dar, ou onde vai parar.

Juan, seriamente reflete nas palavras da sua voz. Olha para árvore, tem um olhar amável e sensível, logo, toca seu tronco.

— Uma árvore que representa a humanidade e a razão. Você sempre vai amparar as pessoas com sua sombra, terás flores para agraciar aos olhos do coração, talvez frutos para alimentar a alma dos fracos. Mas o que te alimenta? Por que encara esta tarefa de ajudar sem ter nada em troca?

— Eu posso – te responder.

— Responda minha voz, que me segue.

— Uma tarefa grandiosa como você mesmo diz. Preparo a terra e os homens para receber algo bem maior do que eu já fiz.

— O que é? Questiona o homem.

— Sou o fecundante do amor. Na alegria da razão, eu levo humanidade e amor para todos, sem cobrar nada em troca. Amai, sem querer nada em troca.

— Vou recitar agora uma poesia que vem na minha mente.

Juan acha engraçado, a voz ter uma mente, sendo que ela esta na mente dele.

— Por favor, me deleite com suas palavras…

Um sentimento maligno

Que me traz muita dor,

Machucando minha flor.

Deleitando-me no sofrer…

Tudo isso, invade meu coração,

Gritando você vai – me amar!

Como a música do mar…

Eu sou sua afirmação e seu dizer.

Anjos sem asas,

Com sua trombeta divina acalentou

Sua chegada inundou…

Soando com sua forte voz.

Alegando que eu tinha uma escolha…

Ser uma face sem visão,

Ou um espelho da escuridão.

Eu vi você, eu vi… Nós!

A onda chegou,

O pássaro simplesmente cantou,

Seu beijo

As palavras

Que faltavam

Para continuar,

Meu livro

Que se chama,

Amor…

Após terminar, Juan, ficou sem palavras para expressar seu sentimento, diante daquilo.

— Eu sinto falta da Ana. Não consigo mais viver assim, tenho que gritar: — Ana, eu te amo! Quando sinto este sentimento, meu coração bate tão rápido que não tem medo de cair. Vá ao meu encontro amanhã, eu lhe suplico, pois somente desta maneira, poderei – lhe explicar o que aconteceu comigo durante este tempo de ausência.

Ao fechar suas súplicas, Juan, sentou – se novamente na árvore, pediu licença para a voz, tinha que descansar um pouco.

Contínua…

Para Saber mais:https://regozijodoamor.wordpress.com/2012/09/30/tua-imagem-carta/

https://regozijodoamor.wordpress.com/2012/10/02/tua-imagem-i/

https://regozijodoamor.wordpress.com/2012/10/04/tua-imagem-ii/

https://regozijodoamor.wordpress.com/2012/10/24/tua-imagem-iii/

Tua Imagem III

Depois daquele encontro perturbado, Ana vai para casa. Não entendia nada que estava acontecendo naquele dia. Uma avalanche tinha caído em suas costas. Um passado tão macabro reaparecia na sua frente. Alguém que ela não queria mais conviver, tinha voltado. O mundo tinha esvaecido em seus pés. Foi para o ponto de ônibus. Pegando o primeiro que passou, queria pensar muito. Sua mente coabitava desta forma:

— “É difícil lutar contra os sentimentos, é doloroso respirar o mesmo ar que aquele canalha. Uma vez ele me abraçou com seus braços fortes, e em outro momento, me deu uma surra, as mãos que afaga, também são amargas”.

Ela acabou chegando em casa. Quando colocou os pés dentro da sala, sua tia avançou com tudo, na curiosidade que consumiu sua cabeça durante todo dia.

— Oi, Ana! Me conte tudo. Ele foi ao seu encontro.

— Como a senhora sabe? Surpresa.

— O rapaz passou por aqui… Então?

Ana, já com o rosto triste, e com os olhos lagrimejando, avança nos braços da tia.

– Tia, eu não consigo lutar mais. Hoje fui tão infeliz, tão imperfeita… Não quero sentir esta dor, não quero sentir mais nada. Me ajude, por favor, eu suplico!

Emocionando com sua sobrinha, a Tia nota, que acabou fazendo um grande erro, entregando o endereço do serviço da sobrinha para Juan.

— Ana, não posso dizer nada que possam curar esta sua ferida, as palavras caem diante de ti, pois, percebem que em você só existem buracos. Porém, tem que ser forte agora. Que tal encontrar outro amor? Esta na hora!

— Como assim outro amor? Indignidade. — Foi um amor que acabou comigo. Faz tempos que não vivo comigo mesmo. Tudo por causa dele. Agora ele volta e pronto. Fui maltratada, foi destruída toda a beleza do amor, hoje eu sei que o silêncio é tão bruto e tão rudimentar, que cala meus pensamentos.

Entendendo que sua sobrinha estava fragilizada, resolve sentar no sofá, ela tinha que fazer algo.

— Sente aqui comigo. Eu compreendo que esta consumida, que o amor te deixou vazia. Acredito que não pensa mais em cara – metade, ou, coisa do tipo. Deve ter morrido dia após dia. Se acomodou com tudo isto. Vou – lhe dizer algo, sua avó, sempre relatava para gente que o amor era um ADT.

Sem entender esta sigla, Ana, questiona sua Tia.

— ADT? O que isso quer dizer Tia.

— Sua avó alegava que era: o amor, destino e tempo. Que se esses três fatores andassem juntos, do início ao fim, o seu relacionamento estaria salvo. Ame pelo destino e pelo tempo, ame os caminhos que se abrem na sua frente. Inclusive foi à receita do seu casamento duradouro.

Ana deu uma pequena risada e, com uma energia mais aliviada, resolve conversar.

— Tia… Respeito esta história. Respeito à senhora, ainda mais, que depois que minha mãe faleceu, foi você que deu amparo. Entretanto, tenho uma dor, que caleja meu corpo, apodrecendo minha alma! Já chorei demais por ele. Convivi durante um ano com o Juan, ele me mostrou o paraíso. Você não o conheceu, quando veio para São Paulo, ele tinha sumido. Seu amor era puro e verdadeiro, me sentia realizada todos os dias. Do nada ele desapareceu, eu era quente de amor, hoje sou fria de tanta dor. Sinto muito Tia, por lhe mostrar tanta fraqueza e franqueza.

— O que isso minha pequena. Eu te amo muito.

Depois desta última fala, as duas se abraçam, Ana, pede licença, mas resolve ir tomar um banho e colocar a cabeça em ordem.

— Obrigada Tia. Boa noite!

Caminhando pelos corredores da casa, até chegar à sua porta, ela abre e fecha em seguida, deixando tudo vazio… Sua Tia entendia que ela precisava de um tempo para digerir o que estava acontecendo naquele momento. Ana tinha uma coisa me mente, que tudo que aconteceu, fazia ela se estremecer de tanta dor.

Na noite, as sombras da dor.

Escuridão da alma,

Cega pelo amor!

Que lutam por um novo alvorecer…

De frágeis palavras,

Pontos, vírgulas, e um breve morrer.

As vozes estão caladas.

Repletas de marcas e agonias…

Onde vejo o seu reflexo dia após dia!

Portanto, hoje estou de luto.

Pela dor imensa,

E o tempo… Que marcou as rugas de meu rosto!

Contínua…

Para Saber mais:https://regozijodoamor.wordpress.com/2012/09/30/tua-imagem-carta/

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Somente os francos caminham por aqui! A dor…

Ela desceu de um carro em disparada para um beco. Ninguém sabia quem era aquela mulher, mostrava uma face destruída por algo. Ao correr, via-se seus pedaços caindo pela rua. Era tão veloz, que o próprio pensamento se perdia no vento da vida. Foi então que algo a fez parar, um cartão escapou de sua mão. Ela parou, voltou para trás, ofegava tanto, que sufocava com o próprio ar. Parou em frente ao papel, seu corpo ligeiramente desceu de encontro, seus dedos suavam muito, mesmo assim, retirou do chão, olhou com os olhos vorazes de um leão, contemplava a frase que tinha naquele papel.

Solum Francorum pertransibunt“.

Olhou para os lados, viu se alguém estava olhando para ela. Não tinha ninguém, o seu silêncio mostrava o abismo gelado dos desesperados. Voltou a correr… Era um beco, totalmente estreito com um emaranhado de casas, ela seguia seu caminho, tinha apenas uma seta, uma direção. Sua vestimenta, não passava de um vestido bem simples da cor azul. Quando se locomovia, fazia um pequeno gesto, que era de bater na cabeça, ao fazer isto, seu semblante alternava gestos de fragilidade com frivolidade.

Acabou chegando ao possível final. Tinha um fecho de luz. Ela viu um homem, com ar desértico, seus óculos não deixava ver os seus olhos. Ele estava de pé, parecia esperar alguma coisa. Os dois se encararam por alguns minutos. A mulher mostrou o cartão que protegia com tanto esforço.

Neste momento tem – se uma interrupção…

— “Somente os francos caminham por aqui“.

Ela começa a abrir sua boca, forçava algumas palavras.

— O que você disse?

— No cartão da sua mão, tem este significado. Quem lhe deu?

Aliviada, acredita que encontrou quem deveria.

— Uma amiga. A mesma me informou que o senhor poderia – me ajudar.

Desdenhando aquela informação, ele questiona.

— Qual é o meu nome?

Olhando seriamente para ela, esperando alguma resposta. A mulher pronúncia em seguida.

— Deve ser o João Alguém!

Ao ouvir seu nome, o homem da um pulo de alegria, quebrando aquele clima austero.

— Parabéns! Acertou… Gostei de ti.

Só que ela não perde a tensão de seu corpo, mantendo-se da mesma maneira.

— Me afirmaram que sua pessoa poderia – me ajudar!

Percebendo um clima mais pesado do que o normal, João Alguém, resolve agir.

— Repouse um pouco, espírito atormentado!

Apontando para o chão.

— Não quero. Alegava com uma sensatez verossímil.

Ele notando uma estranheza na rudez da mulher, interage mais um pouco.

— Já deve saber que aqui é um lugar único e mágico. Diz, quem és tu?

Ela neste instante, põe suas mãos no rosto, mergulhando em necrófagos pensamentos, trazendo para fora um som, não era harmonioso. Seu ser remontou três anos antes. Conhecendo um homem. Temia amar, mas com ele foi diferente. Ele mostrava um mar sendo aberto pela força de um amor. Seu corpo e sua alma seria dela, era somente dizer sim… Ela o fez!

Casando depois de alguns meses de namoro. Sentia pela primeira vez, protegida pela força de um homem. Seu casamento trazia tantas felicidades, uma harmonia transcendente para se acreditar. Todas as ações dele se resumiam nela. Suas palavras remontavam um espetáculo romanceado do amor, diariamente trazia um presente. Fizesse sol ou chuva, a lembrança havia de estar. Ela se acostumou, que dificilmente via qualquer gesto negativo por parte dele. Exatamente em sete meses, engravidou. Trazendo para ambos e a família, uma felicidade plena. Um menino pedia seu marido, ela como uma boa esposa, reiterava o pedido, deveriam ter um menino.

Com o seu tempo devido e sem complicações, o menino nasceu. Belo e forte, um garotão robusto. Logo, estavam os três juntos na casa. Uma família nascia ali… Ela como uma esposa perfeita transformou-se em uma mãe do mesmo nível, aliás, até melhor. Não existia nada entre eles, ou, com aquela família, que fizesse fazê-los perder a alegria da vida.

Sua mãe que morava no interior de São Paulo foi fazer uma visita dupla. Deveria conhecer seu neto e, fazer uma caminhada ao encontro de um tal profeta ¹. Acabou convencendo sua filha ir junto. Naquela manhã, seu marido as deixou com o seu filho, na casa de atendimento do tal homem místico. Existia uma fila imensa, foram pacientes. Quando chegou a vez da sua mãe, ela quis ficar esperando do lado de fora, o profeta atendia em uma sala reservada, mais uma vez, se sentiu fraca nos argumentos de sua mãe, entrando junto com seu filho na sala.

Assim que adentraram na sala, o profeta as recebeu com braços abertos. No minuto inicial, ele colocou sua mão na cabecinha do menino, olhando em seguida para ela. Questionou se a mesma era a mãe do bebê. Com a confirmação, ele expressou as seguintes palavras…

Mãe, toda vez que algo nasce, alguma coisa fica para trás, chegando a morrer pelo abandono. O novo traz portas se abrindo, e outras se fechando. Por isso, sua escolha vai ser bem evidente. Aceitarás com resignação seu destino? A fase do embrutecimento extinguirá sua maior virtude, que é o amor. Pronta para flor que vai se murchar?

Quando terminou sua profecia, ela sentiu uma sensação que subia pela espinha. Saiu instantaneamente do local, apavorada, agarrando seu filho com a força de trovão rasgando a natureza.

Dias depois, seu filho morreu, em alguns segundos ela virou as costas. O menino, que já engatinhava, foi para a escada, caindo em seguida, quebrando o pescoço. Falecendo horas mais tarde no hospital. Ela foi amparada pelo marido, que tentava conter o desespero da sua esposa. No dia seguinte a criança foi enterrada. No decorrer das semanas, dos meses, tudo mudou naquele casal. A existência de ambos emanava a culpa. Ela principalmente sentia mais do que ele. Seus choros constantes, inúmeras crises depressivas, palavras amargas. A canção que inicialmente brotava do arco – íris, se alterava para uma nênia de anjos e seus cânticos.

Durante um tempo, tentaram manter a família coesa. Foi quando o marido chegou ao seu limite, não suportava mais os devaneios da esposa, o final trágico de seu filho, o fim do amor. Resolveu interná-la no hospital para tratamento. Fazendo isto, tinha a missão de buscar a piedade do perdão. Ela aceitou seu destino, como foi profetizado. No hospital, conheceu uma mulher, que se chamava a viajante. Ela almejava a vitória dos descamisados. Elas ficaram muito amigas, a ponto de, a viajante entregar um cartão e um mapa. Havia uma chance dela buscar sua paz, mudando o rol da sua vida. Deveria fugir dali, encontrar João Alguém e o Garçom. Os únicos que poderiam salvar sua alma. Ela não pensou duas vezes. Fugiu…

— Meu nome é Oceano!

João alguém mostrando ser uma pessoa amável

— Muito bonito seu nome. Esta na hora de desembocar nas cachoeiras da transformação. Desejas isso?

Se mantendo estática.

— É o que eu mais quero.

Ele vira seu corpo, e com seu braço esticado, indica uma porta.

— Talvez sua salvação seja por ali.

Ela sai correndo em direção da porta. Antes de pegar na maçaneta…

— A melodia nunca alcançou o seu fim. Evite transbordar nos seus vícios corporais e morais. Certo! Oceano?

— Sim.

Ela respira mais devagar, entrando pela porta…

Continua…

Quer saber mais:

profeta ¹:https://regozijodoamor.wordpress.com/2012/10/11/profeta/