Contos de Terror – Assassino da pomba



 

Estava sentado em um banco da praça. Nunca me sentia bem, o local representava uma maquiagem da miséria e fome. Logo, tirei da mochila um saquinho de biscoito de leite. Automaticamente uns bichos atrevidos e pestilentos se aproximaram… Eram pombas, aliás, odeio este animal. Ele é muito esquisito e conformado com o seu estado natural. Não sei porque este ser, ainda vive.

Minutos depois um homem sentou no banco que eu estava. O seu rosto mostrava o símbolo daquela praça, uma junção de social com tormento – Socialtormento. O mesmo deve ser conhecido pela sociedade como mendigo. Ele olhava o jeito que eu alimentava as pombas. Seu estilo era bem típico: Um senhor velho e desgastado pelo tempo, tendo em médias uns cinquenta anos, barbado, roupas sujas e rasgadas, sua alma, havia contaminado -se, pelo seu escarnecido cheiro.

Depois começou a me encarar, até que, teve coragem de se pronunciar.

— Você poderia – me dar uma bolacha?

Enfaticamente devolvo a resposta.

— Não!

Sua cara mudou, o ar da indignação sobrevoou por ali.

— Como assim?

Repeti minha sonora resposta.

— Não vou dar nada.

O mendigo mostra toda a sua revolta, pondo – se a gritar em seguida.

— Quer dizer, que a vida deste bicho vale mais que a minha?

Alegrando-me, alimentei-me, do que ele queria ouvir,

— Para mim, a vida deste animal, vale mais que a sua.

Ele da dois passos para trás, dizendo…

— Teu vagabundo, eu tenho mais validade que este animal, sou um ser humano.

Então, fechei meus punhos, elevei minha voz para sobrepor a dele.

— Legal! Interessante o seu raciocínio consegue se valorizar como pessoa, mas para meu ser, aquela pomba tem mais importância do que o senhor. Ponha – se fora daqui…

Assim que terminei, ele saiu esbravejando.

Voltei a sentar-me, refletindo por vários minutos e, no fundo daquele episódio, o mendigo tinha razão…Como posso – me valorizar, vivendo de uma forma animalesca, tem dias que não tenho destino e nem objetividade.

Independente disto, o homem pobre, teve um azar enorme. Odeio com ardor de minha alma, a existência dos fracassados.

Comecei a contemplar o sabor de ter asas, parecia ser algo mágico, poderia voar pelas estradas dos seres ignorantes, seria interessante. O inevitável aconteceu em seguida. Aquele maltrapilho, um excomungado do sistema, atacou a pomba.

Imediatamente eu gritei…

— Seu insano, o que esta fazendo?

Ele não me ouvia, sua cegueira virou um estorvo para sua consciência.

Pouco a pouco, ele pegou a pomba, sua mão cascuda, apertava o pescoço frágil daquele bichinho, com a outra, puxou com tanta violência as patas, que em seguida, as arrancou, eu via, segundo por segundo a vida fugindo do animal. Ele entortou o pescoço até o mesmo sair do tronco. Não tive coragem de impedi-lo, fiquei ali, parado.

Após terminar, jogou com muito furor no chão um corpo sem vida, se aproximou, começando a segunda parte, pisoteou, estraçalhando toda aquela pomba. Quando ele pareceu terminar, olhou para mim, tinha sangue por todo lado, inclusive nele. Dizendo o seguinte…

— Agora a minha vida, tem mais sentido do que este animal. Eu quero as bolachas!

Nem relutei, entreguei o pacote inteiro. O mendigo agradeceu, passou sua mão ensanguentada no seu rosto. Indo embora…Por instantes, dei créditos de um fracassado para o homem assassino de pombas. Talvez, tivesse feito com pressa uma avaliação, vai ver, eu era o fracassado. No caminhar do mendigo, eu seguia com olhares, todos seus passos, teve um momento que perdi – o de vista, sua sombra virou uma escuridão.

No final, eu admirei – o, como nunca fiz a ninguém.

 

 

 

 

Um comentário sobre “Contos de Terror – Assassino da pomba

  1. Gostei desse conto! Mas poderia melhor suas falas dando mais sentidos para quem lê. Ou seja, trabalhar melhor as palavras. Mas mesmo assim, foi muito inspirador ter lido o seu conto.

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