Escrito por: Eve La Lune
Sair á noite. Esse era o lance dele. Sair, esperar em um canto, e quando aparecer a oportunidade… “Curtir” o que gosta. Ele até ri ao pensar tão cinicamente.
“Hoje vai ter” pensa com satisfação.
Estava parado numa rua qualquer, de um bairro vagabundo, encostado em um poste que funcionava mal. Um carro de policia passa. Ele disfarça. Batuca com o pé, meio ansioso, olha pra um lado, e para o outro, confere a hora no relógio, dando a entender que está esperando alguém. Os PM’s nem desconfiam. Ninguém desconfia.
Impossível imaginar que aquele rapaz- bem vestido, bem sucedido, bonito, sempre educado, até mesmo charmoso- é na verdade um monstro em embalagem reluzente com um “hobby” macabro que praticava uma vez a cada quinzena.
A noite estava perfeita para sua diversão. Uma noite sem luar. Não que fizesse diferença, pois mesmo naquele lugar porcaria o céu era quase claro por causa da poluição luminosa. Mas ele sabia que, no lugar certo, estaria escuro o suficiente para o que queria.
Mas o que exatamente ele queria?
Ele queria a adrenalina. Ele queria o prazer. Ele queria causar dor, pelo poder que isso traz.
Neste momento, ele avista a vitima perfeita. Pequena, delicada, frágil. Uma ruivinha, uma quase mulher, transpirando inocência. Uma linda florzinha, que ele faria desabrochar. “Da pior forma possível, claro” ele pensa.
Hora de agir. Enquanto ela se aproxima, ele se prepara. Faz sua expressão mais simpática, com um toque de constrangimento. ” Talvez ela faça o tipo menina boazinha. Seria bom que eu parecesse levemente preocupado. Isso vai atrair ela. Como um insetinho pela luz hahaha”
E quando ela está quase passando, ele começa seu joguinho perverso:
-Com licença?
-Sim?
– Você mora por aqui?
– Meio que sim- Responde ela, aparentando medo, provavelmente por ser abordada por um estranho na rua em uma hora tão avançada da noite.
-Desculpa incomodar, é que eu gostaria de saber se você sabe onde fica esse endereço aqui- e entrega um pedaço de papel.
A moça olha o papel e franzi a testa.
-Tem certeza que o endereço é esse? Isso vai dar em um beco.
– É que um amigo me ligou, dizendo que tinha bebido demais, estava passando mal e me pediu pra ir busca- ló nesse lugar.
A expressão dela muda de medo para compaixão.
“Sabia que ia funcionar” ele ri por dentro, mas mantem a máscara.
– Claro, se quiser eu te levo lá agora mesmo, não é longe- diz a garota.
– Eu ficaria muito grato.
E se põe a caminha pela rua.
-Mas então… Qual o seu nome?- Ele gostava de saber o nome de suas presas. Fazia parte do fetiche. E anotar o nome e tudo o que tinha feito com elas em um diário, também.
-Meu nome é Diana. E o seu?
-Renato- inventou.- Não acha meio tarde pra uma garota nova como você estar na rua a essa hora? É perigoso.
-Não sou tão nova assim. E eu precisei sair. Estou voltado de cuidar da minha avó, a coitadinha está doente, mas não podia dormir na casa dela, porque amanhã tem aula…
– Que pena pela sua avó. Espero que ela melhore.
-Também espero… É aqui.
Eles tinha chegado a um beco, longo e estreito. Era escuro, e exalava um fedor causticante.
-Você poderia ir comigo até lá? Para o caso de o meu amigo precisar de socorro sério.
– Tudo bem- ela responde, quase dócil.
Eles vão caminhando, rumo ao fundo do beco, e enquanto vão, ele lembra de todas as garotas com as quais já tinha feito o mesmo. Todas tão jovens e frescas…
Estava ansioso para começar logo. Ele sabia exatamente como seria. Primeiro vinha o medo. Tão doce ver aquele medo gelado em suas garotinhas… Depois, vinha a dor. Era excitante vê-las se contorcerem. E quando ele terminava, ele as olhava nos olhos e via a centelha de pureza morrer, e ser substituída pelo ódio, pelo nojo. Era o que ele mais gostava. Estigmatiza-las pelo resto da vida. Era ótimo para o ego.
Ao chegar em ponto em que ninguém mais poderia vê-los, ele a agarra por trás e tampa sua boca.
– Eu não estava brincando quando disse que sair a noite poderia ser perigoso.- Ele diz, cheio de maldade.
Mas é estranho. Ela não se debate, não tenta gritar, nada.
“Bem, vamos ver se uma surrar e um belo de um estupro fazem ela reagir um pouco mais.”
Ele a vira de frente para começar a tortura, e percebe algo estranho. Ela está sorrindo. “Será que ela é louca?”
– Você tem razão- sussurra ela- É realmente perigoso.
Ele nem tem tempo de reagir. Logo em seguida ele sente algo duro, frio e afiado na pele da garganta, e então, um liquido quente, escorrendo fartamente. Ele nem precisa olhar para saber o que é.
E enquanto lutava para respirar, se afogando no próprio sangue, ele se arrepende de ter levado aquela garota que parecia tão inocente para aquele maldito beco.
A ultima coisa que viu, antes de sua merecida morte, foi aquele sorriso tão sadicamente doce que parecia o sorriso do próprio demônio.
* * *
Enquanto limpa o sangue da pele e troca a roupa manchada por uma limpa, Diana sorri satisfeita. Tinha levado muito tempo planejando tudo, e estava feliz por ter dado certo.
Ela já sabia o que ele fazia. Vinha o observando a tempos. E a cada garota que ele machucava, cada garota que ele matava por dentro com seu ato imundo, mais o ódio dela aumentava.
” O mundo está cheio de vermes assim. E eu estou pronta para esmagar tantos quantos eu puder.”
… Contínua.
No dia 22/05/2014, mais uma parte desta saga!
PERIGOS DA NOITE