Eu acordei, tomei um banho, me arrumei, fui para mesa tomar meu café, peguei minha pasta e, antes de sair para trabalhar, fui – me ver no espelho. Olhava constantemente minha imagem refletida no mesmo, meus olhos cristalizavam um ódio pelo meu ser ter – se tornado um tremendo idiota! Sabia que vivia em uma ilha, que se chamava – DISCÓRDIA. Meu tempo de vida estimava a décadas de brutalidade, meu buraco da ilusão aumentava incessantemente.
Naquele dia, cansei da resignação que alimentava meu corpo. Tinha que fazer algo para mudar, precisava exterminar o vazio ausente das chamas flamejantes… Meu nome era: Abismo é o lar dos desesperados! Partindo desta triste constatação, continuei olhando aquele retrato, até que eu gritei.
— Eu me odeio! Eu me odeio! Eu me odeio!
Depois deste ataque de fúria, eu senti algo diferente, uma voz interior começava a conversar comigo. Dizia que tinha as palavras da salvação! Questionei quem era ela… A resposta foi imediata.
— Sou sua sombra!
Antes que eu buscasse mais respostas, ela foi direta ao que queria.
— Preste atenção! Se quiser esquecer o que está acontecendo, é só fechar os olhos, e ao abri-los, saberás que deves retornar para sua vidinha… Agora se desejas mudanças, saia desta casa, abandone o que projetou, caminhe até cansar, garanto que nestes dias de andamento, vai encontrar a solução para seu coração.
Ao terminar, a voz, a possível sombra, se silenciou. O que fazer? Fechar ou abrir meus olhos? A escolha, sempre ela! Desta vez, resolvi fazer o inusitado, não iria deixar olvidar-me atormentar novamente. Saí do banheiro e abri a porta de casa, veio um punhado de imagens que representavam minha vida, ignorei todas elas, saí e comecei minha nova jornada.
Por anos, trilhei as veredas de um homem, quando pensei em desistir, eu consegui achar uma porta, de leve coloquei minha mão sobre a maçaneta, forcei, ela se abriu, desvendando o mistério que havia. Deparei-me com uma realidade lamentável… Eu era infeliz!
Na minha residência (alma), tinha um celeiro de ideias mortas e exterminadas, que não queria sair, viviam como hospedeiros. Eu tinha uma peste presa na essência, e por ali, eu vivia.
Foi tudo tão claro, meus erros, minhas dores, minhas lamúrias, meus gritos… Nada disso acabaria. Eu não queria que acabassem. A única maneira de extirpar meu fracasso, era colocar a mão na minha vida, era fazer realmente ela acordar.
Um novo plano de vida surgia… Algo com um inocente objetivo. Erradicar minha alma de tudo que eu coloquei nela.
Tornei-me um signatário de meus documentos!
Ali, perante mim mesmo, eu clamei meu novo projeto – Vou ser:
O Carteiro das Lamentações.
Espero sua carta, a partir de agora!