EVE – ANTEÂMBULO



Nunca imaginei que em algum momento eu conseguiria atenção de Eve. A felicidade de ter êxito em conseguir era tão inebriante para mim que sequer percebi quando fui abençoado com as areias do sono de Morpheus.  Pois tudo que reparei é que não me encontrava mais no quartinho, e nem estava mais usando as minhas roupas quando reabri os olhos.
Eu estava em uma floresta vasta e muito viva, era noite e eu estava um tanto apreensivo e ao mesmo tempo acolhido por aquele lugar, creio que se tratava de uma época mais antiga, mas não primitiva. A floresta estava repleta de pessoas em volta de uma enorme pira que me pareceu estranhamente familiar quando a vi.
A dança voraz daquelas chamas era encantadora e aquele encanto fez com que minha memória compreendesse o porquê de eu estar lá, nu, coberto apenas com a pele de um gamo morto.
Eu havia regressado para alguma vida anterior. Onde estava participando pela segunda vez do festival pagão chamado Beltane, já que a primavera havia atingido o seu ponto mais alto, motivando todos ali, fossem jovens ou velhos, a comemorarem a sagrada união da Deusa e do Deus.
A pele de gamo que cobria meu dorso era muito pesada, aparentemente eu estava mais jovem, pois ela era grande demais para mim. Eu me locomovia com dificuldade pelo solo irregular daquele local. Vez ou outra tropeçava em algum galho velho, em uma raiz exposta ou em alguma pessoa e foi numa dessas quedas que deparei com uma jovem bastante parecida com Eve, contudo essa garota era muito mais jovem.
A tal garota tinha cabelos longos e tão escuros quanto o céu noturno acima de nossas cabeças, um diadema feito com flores adornava as mechas compridas que encobriam boa parte do seu corpo. Quando olhei os seus olhos, notei uma pureza e um amor nunca explorado por qualquer outra pessoa. Seria tolice minha se eu falasse que não me apaixonei por ela. Afinal, era a figura mais deslumbrante que eu havia visto. Ainda mais depois que sorriu enquanto caminhava na minha direção (talvez por pena ao me ver tropeçando em tudo).  Imaginei que aquela fosse sua primeira vez ali, uma vez que, enquanto ela vinha, notei uma certa insegurança que só aumentou após meus braços acolherem o seu frágil corpo.
Por um momento, senti nossos corações se unirem e aquela emoção que senti ao perceber esta ligação foi tão avassaladora quanto aos amores ocorridos no âmago dos milênios anteriores à Criação. Uma emoção sincera e tão voraz quanto as narradas nas trovas.
Todos ali presentes ficaram impressionados com a sintonia que nós dois tínhamos, tanto um com o corpo do outro quanto com os elementos ali presentes, sobretudo com o fogo. Obviamente não percebemos, mas tudo ao redor se comportava de uma maneira completamente diferente. Parecia magia!
Quando paramos de dançar e nos afastamos, vi uma presença emergindo das chamas da poderosa fogueira que avistara antes de tudo aquilo, uma presença masculina e imponente como um pai rígido e ao mesmo tempo terno. Demorei um instante para reconhecer Cernunnos, o Deus-Gamo, mas ao reconhecê-lo, imediatamente prestei-lhe o devido respeito ajoelhando ante a pira. Ao meu lado, a garota estava ajoelhada, mas não parecia que era para o Deus-Gamo. Seria Belenus, o Senhor do Fogo ou Ceridween, a Deusa-mãe?
 
Dias após o festival da colheita, ainda pensava naquela jovem, infelizmente nunca mais eu havia visto-a. Novamente eu me encontrava no coração da floresta, porém desta vez eu estava devidamente trajado e portando um bastão longo e rígido de ébano que usava como arma caso surgisse algum perigo durante minha jornada em busca da iluminação.
Eu manuseava o bastão com uma perícia mediana e praticava com afinco para tornar-me melhor no combate do que os ladrões que se escondiam na floresta ou conseguisse sobreviver uma emboscada de algum saxão desgarrado.
— Por ora basta; disse eu já cansado de tanto praticar enquanto me sentava em uma pedra para observar os últimos momentos do Sol, que estava magnífico aquela tarde.
Senti fome e sede, procurei não me alimentar. Meus mantimentos eram escassos e teriam de durar até o próximo vilarejo onde seriam devidamente reabastecidos.
Não havia percebido até aquele momento que em algum lugar nas proximidades, alguém entoava uma linda melodia, certamente se tratava de uma jovem mulher, já que sua voz além de levemente aguda era harmoniosa e pacificadora. Dotada de uma beleza tão intensa que faziam as sereias soarem como gralhas, o que me motivou a querer ver quem cantava.
Apesar de mal ter parado para descansar, aprontei tudo para prosseguir a minha jornada, na realidade era apenas pretexto para enfim descobrir quem estava cantando a canção misteriosa. Eu caminhei por algum tempo seguindo as notas musicais e mesmo sentindo uma dor infernal nos pés, estava tão motivado que em nenhum instante oscilei. A curiosidade para descobrir quem entoava aquela melodia me dava tanta força que mal percebi quando finalmente encontrei a cantora.
Fiquei surpreso quando tornei a ver aquela jovem com que dancei no festival da colheita. Primeiramente por causa de sua voz belíssima em demasia. Depois, porém não menos importante, a situação em que ela se encontrava.
Ela estava a banhar-se no lago e me fitou nos olhos, percebi que estava constrangida. Também pudera, em momento algum ela esperava rever-me, creio eu, ainda mais naquela circunstância…
— Continue, por favor, lhe pedi cordialmente, sua voz é primorosa.
— Para um jovem aprendiz de cavaleiro você é bastante atrevido. Replicou ela com um risinho único no rosto — Deste jeito você irá muito longe.
Eu ri.
— Não aspiro este posto. Rebati retribuindo aquele lindo sorriso com outro — Por ora, sou um jovem em busca de si mesmo, porém se tudo ocorrer como o grande Uno determinar, eu serei um druida.
— E essa busca por si mesmo, te trouxe até aqui?
— Sim, trouxe.
— Para um aspirante a druida, sua língua é muito ferina.
— Acalme-se; falei eu enquanto me aproximava dela. — Começo a crer que na realidade, o Grandioso me motivou a peregrinar pois tencionava nos reaproximar. Ele sabia que não me sentiria em paz se não tornasse a ver teus olhos negros.
Curiosamente notei que minhas palavras desmontaram aquela postura voluntariosa que ela vinha mantendo. Então, já com a guarda baixa, ela contou:
— Durante o Beltane a grande Mãe apareceu para mim.
Fez uma pausa breve e logo continuou:
— Ela veio dizer que nossos destinos estão selados muito antes de nascermos nesta vida.
— Então também aconteceu com você…
— Como assim?
Hesitei por um momento, olhei para o horizonte e avistei o Sol poente.
— Também recebi a mesma mensagem no Beltane, porém no meu caso, quem emergiu nas chamas foi Cernunnos; falei-lhe com uma voz tão serena que por pouco desconfiei se era minha mesmo.
Silenciamos por um longo tempo. Os olhos dela eram profundos como a bruma que escondiam o lago e o vento tocando seu cabelo, tornavam ainda mais bela dentro daquela água.
Tomei-a nos braços e antes que ela pudesse falar qualquer coisa, beijei-a com a avidez de um animal faminto.
— Não podemos…
Tentou replicar ela ainda em meus braços, mas  interrompi com outro beijo.
— Não existe o não podemos, minha flor. Podemos. Podemos e devemos amar-nos; ponderei, certamente este é o desejo da Deusa e o seu esposo.
Novamente silêncio.
Me despi, ela tocou minhas cicatrizes, beijou-as e nos amamos pela primeira vez.
Quando enfim atingi ao ápice, fechei meus olhos.
Tornei a abrir os olhos em seguida e estava novamente em minha cama, no quartinho escuro. Me desapontei, mas ao ver a Lua no céu estrelado, uma felicidade inundou o meu subconsciente e a voz dela ecoava, dizendo:
— Quando ver a lua no céu sorria, pois saberá que serei o seu esplendor, guardando o teu sono e iluminando teus caminhos.
 
ESCRITO POR : TONI LE FOU

RESUMO, SOFISMO, AMOR.

Qual o verdadeiro sentido do amor? Costumes morais definem amor? O comportamento humano definem amor? A solidez de uma cultura cria o verdadeiro amor?Amar e não ser amado. Sentimento de culpa por nunca ser feliz no amor. Negar a vida por não amar… Diante disto, abaixo exclamo alguns fragmentos do amor.


1 – O amor pode salvar uma alma imunda?

2- Amor tem muita sujeira humana.

3 – O amor tem o poder de purificar os vermes que habitam em meus pensamentos?

4 – O amor é uma forma de inseticida!

5 – O amor consegue ser sempre amor, até mesmo quando existe a dor e a tentação?

6 – O ser humano é bipolar, logo, sim, não… Foda – se.

7 – O que é o amor?

8 – Amor…

9 – O amor é a loucura enfiada em nossa razão, uma arte incrível carregada de um lirismo único.

10 – O amor, a ponte para o futuro, o sorriso branco e iluminado.

11 – Tem almas que querem saber verdades sombrias sobre o amor.

12 – Não existe poesia no amor.

13 – A beleza e fluidez do ato de amar, significa uma coisa, somos insuficiente em sermos felizes sozinhos…

14 – Eu tenho um conhecimento total sobre mim, eu conheço o amor, não!

15 – Eu não tive tantos problemas para começar andar e falar quanto eu tive quando comecei amar.

16 – O amor é a repetição da ignorância.

17 – As pessoas são imbecis por amar? Não são imbecis, por serem imbecis.

18 – O amor moral, vulgar, imoral!

19 – O amor está em qual mundo – Sensível ou inteligível?

20 – Eu nego o amor.

21 – Eu afirmo o amor.

22- Eu quero um amor!

EU VOU

O som é um alimento

a batida ressoa vida,

como o vento…

o tempo e sua partida!

isso acontece diariamente

eu me achando e perdendo,

cavando o amor

buscando, e amando.

A raiz é profunda…

os galhos fortes matam meu coração

assim não vai dar,

Não consigo a evolução.

eu ouço o choro

da terra molhada,

as lágrimas caíram dos meus olhos…

afogando minha alma deitada.

O som acabou,

minha pele ressecou

e eu vou…

Escrito por: Carlos Monteiro

ACABOU

O que está acontecendo comigo?      

Não consigo mexer meu corpo, meus olhos não me obedecem, apenas sei que estou sendo levado por alguém em uma cama. O desespero é a palavra que define meus estímulos atuais. Adentro um corredor frio e mórbido, vejo com minha visão turva algumas sombras, uma luz baixa, minhas mãos estão formigando… Por que será que meu ser está aqui? Na minha vida fui muito caviloso. Algumas pessoas me chamavam de libertário e outros de libertino! A única coisa que sei… É, sou congênito da “loucura”. Sim, a doce loucura! Aquela que toma conta do mundo. Loucura é tudo que fazemos. Um sendo o espelho do outro, mas partindo deste princípio, foi aí que tudo começou. Decrepitude total…

O que houve?

Parece que paramos. Uma moça de branco, abriu uma porta, que porta esquisita, algo tão podre vem de dentro, sinto um cheiro tão parecido com minha alma, minha alma cheira tão estranho. Nem minhas metamorfoses puderam – me ajudar, sou o que sou… E o que sou mesmo? A mulher de branco, com seu olhar situante e ressequido de amor, diz que está cansada.

Antes de penetrar ao recinto, ela sussurra, ela germina algo, como se seu coração jorrasse fogo. Aproximou seus lábios em meus ouvidos, e diz: ACABOU.

ACABOU, ACABOU, ACABOU.

CABOU…CABOU…CABOU…

BOU! BOU! BOU!

O que está acontecendo comigo?      

Esqueci de viver a vida, e agora acabou.

Escrito por: Carlos Monteiro

RESENHA – MILAGRE DE ANNE SULLIVAN

No filme O milagre de Anne Sullivan, uma professora que tenta fazer com que a garota, Helen Keller, se adapte e compreenda pelo menos um pouco as coisas que a cercam, pelo fato de ser
cega e surda.

Um trabalho um tanto árduo, onde Sullivan enfrenta não apenas as resistências que Helen expõem, por não terem um vinculo afetivo que contribua para o trabalho, como também a descrença do pai que dificulta o desenvolvimento e a submissão da mãe perante seu marido.

O diretor Arthur Penn, transparece neste filme o preconceito em relação as limitações de Keller e a relação da família nesse processo que se mostra um tanto doloroso de se adaptar.

Keller é uma menina que nasceu cega e surda, com isso também não desenvolveu a fala. Sem poder se comunicar com ninguém se torna só no mundo, tendo a aprovação de todos para tudo.

Quando Sullivan surge em sua vida, Keller transparece uma agressividade e desgosto pela professora, uma vez que Sullivan passa a desaprovar alguns comportamentos surgindo até agressões físicas por parte das duas.

Sullivan percebe que a família não passa limites para menina até pela falta de conhecimento em lidar com pessoas desse porte.

Depois de meses passa a desacreditar de suas competências por não enxergar as evoluções de Keller.
No entanto esforça-se para ajudar Keller.

Quando percebe que tudo que a criança desenvolve a família desconstroem, Sullivan se isola com Keller em um lugar desconhecido, onde a menina passa a depender dela para tudo. A partir daí nota-se uma melhora e compreensão de Keller.

Como o Pai de Keller que até então não aceita e não acredita que uma mulher como Sullivan possa “curar” sua filha, exigi prazos e meios próprios que ele acredita ser o melhor, desaprovando os métodos da professora.

A mãe que joga todas suas esperanças em Sullivan, não suporta vê sua filha sofrer durante esse processo desconstruindo tudo que a professora trabalha.

Nota-se um pensamento conjunto da família, que pensa que uma criança como Keller jamais entenderá as coisas do mundo e viverá o resto de sua vida como um animal, até presenciarem mudanças e comportamentos diferenciados e até a pronuncia da palavra Água.

Escrito por: Daline Silvestre

A LEITURA NA PANDEMIA

Antes de tudo, tenho que deixar exposto:

“A leitura no Brasil se tornou uma palavra polida em lápides que profanam a cultura”.

Nunca como neste momento (pandemia), quando a vida pareceu perder seu brilho e sentido, se fala em como deve ser importante o advento do conhecimento.
O livro não é apenas uma obra cheia de palavras estranhas, e sim, uma embarcação ao universo misteriosos e imaginário. A vida após um livro é uma vida reagente.

Se buscarmos uma análise na história da humanidade, vamos visualizar que sempre foi importante a educação.

Nas antigas civilizações, percebemos uma preocupação nesta jornada. Nas civilizações assírias – babilônicas, é centrada na religião, presa na função social do sacerdote. No caso, eles escreviam em tabuletas de argila. No Egito Antigo, a educação também é centraliza no religioso. Outras civilizações antigas mantêm a mesma formação. Já na Grécia antiga, nosso berço civilizatório, ocorre uma grande transformação na educação, a expansão da laicização, racionalização e universalização da forma de conceber o conhecimento.

Aí vem o questionamento…

O livro é um serviço essencial?

Neste período de pandemia, quando pesquisamos ações dos outros países identificam que existe uma preocupação com o livro.
Nos EUA, a Associação Americana de Livreiros tem arrecadado doações para prover auxílio financeiro para livrarias independentes e de pequeno porte. Livrarias italianas receberam autorização para voltar a funcionar, desde que limitem a entrada de clientes ao mesmo tempo. Na França houve proposta de colocar as livrarias como serviço essencial para a sociedade.
Fazemos uma pausa para reflexão, porque no Brasil não é assim?

Penso eu que enquanto o nosso sistema político for impregnado de aprofundamento ignorante, viveremos as custas de um ponto de vista semelhante ao período da Idade Média.

Qual a importância de um livro?

Precisamos insistir que hoje somos uma demanda de gado devido a não combater lá atrás uma ideia de cultura, deveríamos colocar a cultura como um novo órgão, uma espécie de espirito ao qual a leitura se torna voz viva e rebelada deste espirito.

O mundo tem fome, as pessoas precisam de dinheiro, e constato que quem se preocupa com a formação cultural da nossa população? Desmoralizamos diversas vezes um livro, quando renegamos a formação cultural em prol de projetos egoístas da nossa nação.

Deste modo, o que mais existe de infernal é aceitar este maldito tempo, esses malditos políticos, estamos a deter – se artisticamente, nossa realidade não passa de uma busca para um livro vazio.

Escrito por: Carlos Monteiro

TOP 5 DOS LIVROS MAIS LIDOS NESSA QUARENTENA

Diante dos caos que o mundo vivência e sua privação de liberdade a população encontra diversos meios para se adequar em seu cotidiano, buscando meios de não estagnar.

A leitura tem sido um desses mecanismo de se entreter e se informar. Baseando-se nisso colocaremos aqui os cinco livros mais requisitados nessa quarentena.

Esse top 5 será com base na Amazon.

Bird boxe

Bird Box é um romance pós-apocalíptico escrito por Josh Malerman

  • história da humanidade – Sapiens

História Breve da Humanidade é um livro de Yuval Harari

  • Mulheres que correm com os lobos

Ao investigar o esmagamento da natureza instintiva feminina, Clarissa descobriu a chave da sensação de impotência da mulher moderna.

  • Do mil ao milhão – Sem cortar o cafezinho

Thiago Nigro demonstra quais são os três pilares para atingir a prosperidade financeira. … Em seu livro, o autor mostra que a riqueza é possível para todos, e para isso basta estar disposto a aprender e se dedicar.

  • Mais esperto que o diabo

Escrito em 1938 narra a engenhosa entrevista que o autor Napoleon Hill fez com o próprio Diabo, enquanto vivia um momento crítico em sua vida.

Então, qual livro você já leu?

Escrito por: Daline Silvestre